sábado, 31 de maio de 2008
Encontro poético
Um brinde à poesia! Um salve à arte do encontro! Um conversê despretencioso, leve, agradável e poético. Um dia memorável regado à guaraná e cachacinha de minas, entremeado com leituras autorais, discussões literárias e amenidades idílicas, uma pausa na luta pelo pão, no caos que a cidade nos impõe. Que se repita!
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Rata
Como uma rata,
Transito
No submundo
Dos sentimentos puros.
Esgoto, manancial de sonhos!
Nutro-me de sobras afetivas.
Do avesso, a vida se reinventa!
terça-feira, 27 de maio de 2008
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Sanduba
Dei um sorriso debochado e surpreso e perguntei à adorável moça de ancas graciosas: “Hã?! Como assim?!” É... Sapo cururu na beira do rio não consegue pular, vi no Discovery channel. Absurdo né? A natureza tem cada coisa, será que o bicho sofre?
Intumescido de solidariedade, respondi com um monossílabo e vasculhei seu corpo com o olhar sedento, perguntei se queria algo pra comer e acompanhar o interessantíssimo debate sobre as agruras da vida animal.
Deliciosa, sorriu e pediu um “Double giant super burger” com fritas e refrigerante diet. Foi logo sentando e pedindo, olhou fundo em meus olhos e continuou o papo com uma seriedade turva. Ela falava com propriedade e preocupação, disse que seu sonho era estudar biologia e passar entre as primeiras no vestibular, balancei a cabeça pra cima e pra baixo e disse: “Que beleza!” Não havia nada mais idiota pra eu dizer do que “que beleza!”, tinha que superá-la no entusiasmo, mostrar uma vantagem da vida adulta, algo que só a maturidade traz e tal, mas não... Fui vencido por amebas e bichos de um programa de televisão. Precipitei-me e interrompi seu monólogo verborrágico perguntando, simpático, se conhecia “James Brown” ao que ouço entre sua mastigação frenética um “Já ouvi falar, não é um velho que canta?” Pronto! A merda tava feita! Para ela virei um senhor que gosta de um velho que canta, um senhor que paga lanches, um sem-graça ultrapassado que dorme de meias e tem má-circulação. Emendei desesperado: “E a Amy winehouse?” Ela me olhou e de boca cheia disse ter baixado tudo na internet, que quando acabar a semana de provas vai ouvir com atenção. Abri a boca aliviado esboçando um contentamento cafajeste e perguntei se não queria ouvir comigo. Ela disse “não”, que gosta de descobrir as coisas sozinha, que é melhor pra assimilar a mensagem do artista. Meu rosto era a imagem da decepção, ela disse “não”.
*Sei lá,tenho a sensação de que o texto ainda não terminou, portanto trata-se de um rascunho.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
segunda-feira, 19 de maio de 2008
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Mulher ao telefone com o ex-amor
sábado, 10 de maio de 2008
Comercial
Queridos,um comercial das antigas que vale à pena ser visto. Um traço de exotismo e tosqueira no ar... Puxe uma cadeira, sente, relaxe,beba um chocomilk geladinho ou uma sete campos de piracicaba e refestele-se em seus confortáveis trajes HM. E cuidado com "Fernando da gata". Trevas!
quinta-feira, 8 de maio de 2008
terça-feira, 6 de maio de 2008
Olhe!
Doces grandes olhos
Com olhar de mar.
Profundos e tristes.
Marejam sem quem nem porquê.
Olhos mirantes de céu rogando chuva
Olhos perdidos-achados em vem-não-vai,
Quase sempre nunca é tarde.
Sinta!Sinta o ar livre,
Passando entre dedos,
Abraçando seu corpo caminho
Contido em danças melancólicas.
Grandes doces olhos com mar no olhar,
Sê olhos doces grandes com
Mar de olhar, por mim.
domingo, 4 de maio de 2008
Alcoólicas (Hilda Hilst)
É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulamos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpo e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida. A vida é líquida.
*Além de gostar muito dos versos dessa senhora, esses, em especial, me dizem muito no momento.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Compra noturna
O ar estava pesado. Um misto fétido de perfume vagabundo, cigarro, cerveja e intimidades mal-lavadas. Como que um castigo, não batia vento, só uma irônica brisa a espalhar ainda mais o cheiro e inebriar-me as narinas curtidas. Encostei na parede, olhei para os lados verificando a possível presença de um conhecido e esperei a puta se aproximar. Seus cabelos alisados destoavam da raiz crespa, a boca artificial e torta orgulhosa de batom vermelho ressecado, seios duros e em alinho evidenciando o silicone barato e botas de plástico preto compunham o visual daquela que comeria por um preço provavelmente módico. Perguntei seu nome, ela disse ter vários, só escolher. Escolhi Suzi, nunca tinha pego uma “Suzi”. Tudo ali soava falso, exceto a nudez e a buceta.
*Gravura de Oswaldo Goeldi