sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Radio Lugar

Arrumando o retorno de aúdio.


O radialista da noite entrevista...


Narrando um número de dança contemporânea de Marina Pacheco e Italmar.

Marcelo Campos, crítico de arte.


Cantando ao vivo.rs (Eu, Cássia, Germano e Lin Lima)


Romano, o artista plástico idealizador da Rádio e dono das eletricidades.rs

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Obrigada, mesmo!

Fiz esse comentário no meu último texto aqui postado mas acho que devo dar maior destaque a ele, portanto, cá está:

Gente,
Obrigada pelos comentários, pelas críticas! Fundamentais os dois tipos de crítica que tenho recebido, as literárias que são as embasadas num referencial estético- teórico, com ponderações pertinentes. E as calcadas na efemeridade do gosto, da opinião, do sentimento. Ambas me ajudam a escrever melhor! Um salve à arte literária! Um beijo em vocês!


P.S: Elmo, você é um profissional foda! Um escritor excepcional e crítico literário idem Tem que se mostrar mais, tem que sair da toca, coelho!rs

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ameaças de términos bruscos, incontroláveis e incompatíveis.

“O mundo vai se acabar num terreiro em João pessoa.” Um pai de santo me disse enquanto eu arrumava o material do despacho. De certa forma sentia aquilo acontecendo, a vibração de um término se anunciava nitidamente e chacoalhava meus ossos, de forma que a única alternativa cabível era acreditar. A meu lado esquerdo, uma moça esperava ser atendida, certamente procurava uma resposta, eu já tinha a minha. A meu lado direito, um pouco mais à frente, uma grande mesa de madeira lixada e sem pintura com coisas em cima. Havia um lápis sobre folhas brancas e algumas outras rabiscadas com nomes desconhecidos, uma rosa e um alguidá no canto, quase caindo. Levantei, ajeitei o alguidá e logo em seguida, voltei para minhas tarefas. Eu ainda arrumava as coisas do despacho e degustava a informação lentamente.

Tentava digerir e exercitar o desapego desde já, não conseguia. À medida que pensava nas coisas com meu desprendimento recém-adquirido, mais eu me apegava, mais eu sentia saudades. Meu esforço era inversamente proporcional aos resultados obtidos. Pensava em minha casinha modesta em Austin, com toalha de plástico na mesa de jantar e sofá amarelo em frente à TV, minhas cortinas com estampa de flores do campo e uma imagem de oxum na parede... Meu galinheiro no quintal de casa, minha goiabeira que nunca dá goiabas, o macarrão grudado com galinha a molho pardo que minha mulher sempre faz pra mim aos domingos e que só agora, acho uma delícia... A caminhada de 40 minutos trilhada de madrugada até a estação do trem, a viagem interminável até o trabalho e ver o dia nascendo dentro do vagão sem ao menos, conseguir me mexer... Isso vai fazer uma falta! Sem falar nas noites furtivas com Irene, minha doce namorada, nos motéis fuleiros da Avenida Brasil.

Nunca senti medo e agora estou sendo tragado por ele. Adiantaria tentar desviar o pensamento para outras coisas, se as “outras coisas” também vão acabar? E se não conseguir terminar minha laje? E se a foto não ficar pronta? E se não conseguir pôr a cachaça do santo? Sexta-feira é dia de oxalá.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Raduan Nassar

"convém não responder aos olhares interrogativos, deixando crescer, por instantes, a intensa expectativa que se instala. Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto, libertando aí os pés das meias e dos sapatos, tirando a roupa do corpo como se retirasse a importância das coisas, pondo-se enfim em vestes mínimas, quem sabe até em pêlo, mas sem ferir o decoro (o seu decoro, está claro), e aceitando ao mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mudança de comportamento. Feito um banhista incerto, assome em seguida no trampolim do patamar e avance dois passos como se fosse beirar um salto, silenciando de vez, embaixo, o surto abafado dos comentários. Nada de grandes lances."

sábado, 18 de outubro de 2008

Meu quarto

Os livros que tenho que ler. A organização que não consigo ter. O poster de um filme do Truffaut na parede. Volto já!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Golpes intratáveis de realidade absurda

Meus dois gatos morreram de asfixia enquanto eu tentava, inutilmente, tirar o esmalte envelhecido das unhas roídas. Era um dia de sol claro. Chá de maçã pra acalmar o fígado. Jaco Pastorius e Toni Williams em dueto na vitrola. Sim, vitrola! Não sei quantas rotações por minuto, discão preto e tal... Uma lágrima descendo, duas lágrimas descendo, três lágrimas descendo... O vazio estranho das manhãs que sempre chegam. Mais uma lágrima descendo e a conta de luz no portão de sobre- aviso, no terceiro atraso cortam. O pé pra esquerda, outro pra direita e eu já dançando a indolência pra fora. Fui bailarina aos três. Sapatilha de ponta e unha encravada! Meus maus hábitos, minha depressão matinal, minha promiscuidade, meus gatos estendidos sob o assoalho, embolados na cortina de tule branco. Alguma coisa tinha que ser feita.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Demência farfalhante por altos muros de tijolo.

Lambeu seus peitos com dedicação messiânica e na devassidão das ausências, preencheu-lhe a alma e o corpo com o que em si, havia de melhor. Fluidos e mucosas febris e bem- intencionadas num prédio velho no centro da cidade. Escada de madeira gasta a ranger numa lufada de ar. Nhé,nhé.nhé. Ar diluído em tesão, cinismo e fumaça. A fluência dos movimentos ininterruptos e cadenciados. O cotidiano insípido e vociferante esvaindo-se na simplicidade dos gestos. Certeza insofismável de jogo irresoluto e cruel e um poema em prosa esquecido sob a mesa cheia de passado.