domingo, 28 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
Ano novo?
É chegada a época em que todos, com raríssimas exceções, exercitamos a reiteração de clichês, condicionamentos e blá,blá,blá... É dezembro! Natal e Réveillon separados pelo lapso temporal de 1 semana. “Já é Natal na Leader magazine!” Comprou seu presente? E a roupa do ano novo? Vai comer lentilha? Vai pra Copacabana? Os fogos são lindos! Sempre chove e, com sorte, você voltará ileso e sem varizes pra casa. É lindo! Vai perder?
Certamente o astral de renovação, a sensação de novidade e a esperança intrínsecas na data e a quebra de tempo nos favorece, ajuda na manutenção do bem-estar e da sanidade mental. O homem, embora procure estabilidade, não suportaria uma vida sem mudanças. É fato. Cairíamos na mesmice, morreríamos de tédio. Ainda assim, nosso instinto de preservação avesso à mudanças nos trai, visto que ao nos depararmos com situações-limite ou com o desconhecido, invocamos mini- certezas. Somos incapazes. Somos cruéis.
Talvez 2009 seja uma repetição de 2008, uma reedição melhorada. Talvez a mulher livre ainda seja considerada puta e o homem, um sensual, um visionário sem amarras que sabe aproveitar oportunidades. Um seguidor das ideologias de Sartre. O máximo! Talvez aquele que lê mais de um livro por mês ainda seja rotulado de intelectual e chato.Talvez o artista ainda seja visto como irresponsável sonhador. Talvez ainda vivamos no século 19! Talvez a crise arrebente a classe média e o dólar suba e caia novamente. Talvez isso e aquilo... Talvez tudo continue igual, mas a vida ainda vale o benefício da dúvida.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Marguerite duras
* Gosto de narrativas sobre a cidade e as sensações que elas causam. Por gostar uso em alguns textos. Por gostar, fico feliz quando encontro-as nos livros.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Mainstream X Underground
www.oglobo.com/especiais/chatosporoficio/
*Leiam a matéria do link. Em breve escrevo algo sobre.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Quatro Quartetos
Estão ambas talvez presentes no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo tempo é irredimível.
O que poderia ter sido é uma abstração
Que permanece, perpétua possibilidade
Neste mundo apenas de especulação.
O que poderia ter sido e o que foi
Convergem para um só fim, que é sempre presente.
Ecoam passos na memória
Ao longo das galerias que não percorremos
Em direção à porta que jamais abrimos
Para o roseiral.
Assim ecoam minhas palavras em tua lembrança.
Mas com que fim
Perturbam elas a poeira sobre uma taça de pétalas.
Não sei.
Outros ecos
Se aninham no jardim. Seguiremos?
T.S Elliot
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Primeiro dia
Tenho fome e não é de pão, tampouco brioches. Ainda assim entro na padaria, entre infindáveis opções da mais baixa gastronomia escolho uma média de café com leite e sorvo com letras de um romance sórdido e ácido de João Gilberto Noll. Com um misto de inveja e admiração profunda, fecho o livro na tentativa de me desvencilhar de sentimentos tão intensos, afinal encontraria Domingos de Oliveira em sua totalidade em questão de 40 minutos. Não seria justo não estar inteira, não seria digno estar absorta na sintaxe do romance que ainda não escrevi, do Jabuti que certamente ganharia com ele e...
Louca, tropeço num passante enquanto me dirijo ao teatro das artes. Peço desculpas e para disfarçar compro jornal e troco trivialidades dispensáveis com a vítima. 9:30 da manhã. Sigo o breve percurso restante, chego à porta do teatro. Meia dúzia de pessoas numa bancada de mármore até que nos deixem entrar. Escolhemos nossos lugares, reconhecemos rostos e aguardamos até que ele chegue. Eis que chega! Chega, coloca suas coisas sobre e uma espécie de baú em cima do palco, cumprimenta individualmente as presentes com três beijos no rosto e os presentes com um aperto de mão seco e sucinto. Óbvio, trata-se do homem de todas as mulheres do mundo! Natural e de um certo ponto previsível.
Feitos os rituais e devidas apresentações a aula começa. Entre questões filosóficas bem pautadas, algumas perguntas centrais como “O que é o teatro?”, “O que é a palavra? O que é isso e aquilo? Ele cita Sartre e Camus entre pausas de sorriso fluido de fumaça e olhos solidamente verdes. Seus gestos denunciantes de excesso de vida e a dialética existencialista. Penso a palavra sob essa ótica e anoto “ser uma força que nos atrela à condição humana inescapável. Aquilo que nos condiciona à limitação dos conceitos e nos liberta cruelmente, afinal “o homem está condenado a ser livre” Mais adiante resignifico o teatro como uma grande mágica que celebra a unicidade do momento, como uma espécie de simulacro do real, como uma coisa tão forjada como a própria vida, como a base de todo pensamento filosófico, a dúvida. É tudo mentira mas é de verdade. Domingos dá uma pausa de 15 minutos e retoma a aula com exercícios de ator. Traga mais um cigarro, observa, tece comentários e lê um trecho de sua dramaturgia. Ele na condição de Deus de seu próprio apocalipse, detém o poder das escolhas. Tenho medo.
*Estranho escrever na primeira pessoa, prefiro as máscaras dos personagens.rs
Grupo Fúria
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Um leiê laiá diário
terça-feira, 18 de novembro de 2008
O Voyeur
Marcos estava sem nada para fazer. Lembrou de um binóculo que tinha desde criança e começou a olhar para a janela do prédio em frente.
Passou displicentemente sua lente, procurando algo que o prendesse a atenção, nada, absolutamente nada! Que merda!Pensou irritado.
Pegou o cachimbo, acendeu, deu umas baforadas enquanto ajustava seu maquinário. Olhou para a janela de baixo, viu apenas um homem obeso assistindo ao futebol. Subindo mais, viu um velho dormindo. Para a direita, uma senhora cozinhando. Na outra, duas crianças brincando... -Ô vizinhança caída! Resmungou sacudindo o cachimbo na boca.
Mas quando subiu mais o binóculo as coisas começaram a melhorar. Viu um quarto aparentemente feminino e cinco segundos depois uma bela mulher, vestida de saia, meia-calça preta, sapato de salto vermelho e terninho, entrou no cômodo. A dona tinha um traquejo, um jeito de andar que mais parecia uma gata mansa, uma felina distraída, ela veio compassadamente, malandramente e foi tirando peça por peça... Primeiro foi o blaser, Vestia por baixo dele uma camisa branca, com acabamento de renda e alcinha.
E foi tirando a saia, desceu o zíper, deslizou aquele pedaço de pano pelo corpo... Pronto!Agora só falta o resto... Tirou o sutiã cor de champanhe e revelou seios grandes como um melão, formato ovalado, auréolas escuras e mamilo apontando para o infinito.
-Ai, cacete!Agora só falta a calcinha...Tira logo essa porra, anda, tira! Marcos na torcida, e a torturante mulher senta-se singela em sua cama e,começa a lixar as unhas. Ela pega seu I-pod, parece entretida, e Marcos desesperado. Desesperado com o mistério criado por ele que imaginava ser uma atitude proposital da vizinha. "Será que ela me viu olhando pelo binóculo através do espelho?", pensou. Hipnotizado e transtornado o maníaco nem pisca, mantem-se alerta aos movimentos da pantera-mulata-torturante, dá baforadas fortes em seu cachimbo, chega até a queimar o beiço. A campanhia berra, é o entregador de pizza. Ele se aborrece, sente vontade de matar o infeliz. Pega o dinheiro e entrega de uma forma agressiva:- Já paguei, tá esperando o quê??Sai fora pela saco!! O entregador, que já era até amigo de Marcos pelas tantas pizzas que já entregou em sua casa, se espanta, se aborrece e deixa a casa do cliente entristecido. Marcos volta para a janela do quarto. A pizza esfriando na mesa de centro da sala. Pega o binóculo. Toca o telefone. -Puta que o pariu! Qual o maluco da vez?Será que não tem o que fazer além de me ligar??? -Alô.Aqui é do carrrrtão Goldplus maxi super cred,podemos estar tomando um momento do seu tempo para estar oferecendo nosso carrrtão com anuidade grátis?
- Não!!! Porra!!!!
Goldplus agradece. Tenha uma boa tarrde. Aliviado, ele volta a seu afazer. Pega o binóculo e vê que a mulher já saiu do quarto, Sente o corpo esfriar de decepção, fica imóvel sem saber o que fazer, a pizza endurecendo sobre a mesa, a boca seca, os olhos ávidos... Ele senta e fica ali, de plantão esperando-a voltar, o telefone toca mais uma vez. Ele não atende. A campainha estridente grita sem resposta. O mesmo acontece com o celular. Vai como um relâmpago pegar a pizza na sala, mais gelada que um cadáver e, um refrigerante na cozinha. A ansiedade, a vontade, o tesão são tantos que Marcos engole seu acepipe sem distinção de gosto nem textura. Resolve ligar o som pra abstrair. Toca uma música da Ângela ro rô, daquelas que desperta até o mais impotente dos sujeitos...
Eis que a cobiçada vizinha volta para o quarto de roupão de seda. minutos depois, a mulher deixa cair o dito-cujo, que escorrega por suas costas e pernas, reapresentando os seios fartos e, revelando, pela primeira vez para Marcos, pêlos triangulares no púbis. Seu corpo se arrepia, todos os poros se abrem em solidariedade, as mãos suam parecendo cachoeira. Seu coração safenado dá uma batida diferente... Nervoso, ele senta. Com alguma dificuldade, respira fundo, abre a porta, dá alguns passos e toca a campainha do apartamento 502 do prédio
Exibindo na face um olhar de potro no cio ele responde: -Desejo você, gostosa!!!
Nesse momento, Marcos se joga contra o corpo nu da vizinha, coberto apenas pelo fino roupão de seda. Ele se despe. Ela nada pergunta, nenhum manifesto, apenas aceita. Ele, com o pênis ereto e praticamente engatado na convidativa vulva, a empurra contra a parede. Os dois balançam como uma mola tirada da inércia. Pra cima e pra baixo. Pra cima e pra baixo. Pra baixo e pra cima. A mulher geme de medo, de dor e de prazer. Movimentos intermitentes, unhadas e uma pergunta: -quem é você?Qual seu nome?
-Não interessa! Moro em frente! Vai, mexe...
A mulher atende submissa e ensaia uns gemidos. Ele a manda calar a boca, diz que não gosta de barulhos a não ser os dele... Enlouquecida, ela consente. Segura toda a vontade de gritar e mordisca os lábios até descolar uns pedaços de pele,até sangrar... Ele a empurra contra a mesa, derruba um vaso de flores e quebra os copos que lá estavam. Minutos depois é Marcos quem geme. De prazer e de dor, no coração, ele ignora e continua fervoroso, obedecendo aos impulsos da luxúria, e numa velocidade fenomenal faz acrobacias dignas de um ginasta olímpico, o talho generoso continua seu árduo trabalho, ele a percorre com perícia, com a destreza de um atleta, até jorrar parecendo um magma ardente. Exausto, se recompõe e diz um 'até breve “. Volta satisfeito para casa, em estado de semi-ereção. Abre a porta, sente uma pontada forte no peito, se contorce a tempo de alcançar o interruptor de luz, sorri feliz e cai, fulminado.
*Em parceria com Gustavo do Carmo, numa espécie de repente poético.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Ausente
sábado, 8 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
A
Choro esvaziador do manancial das lamúrias inevitáveis.
Mulher solta entre ossos e músculos
Pele pendendo o veludo azul
Da mais profunda arritmia
Discurso velho e
blá, blá,blá...
Olhos bola de sangue
Nas órbitas afrouxadas
Carne rasgada na cara do tempo
E uma disfonia assintomática.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Radio Lugar
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Obrigada, mesmo!
Gente,
Obrigada pelos comentários, pelas críticas! Fundamentais os dois tipos de crítica que tenho recebido, as literárias que são as embasadas num referencial estético- teórico, com ponderações pertinentes. E as calcadas na efemeridade do gosto, da opinião, do sentimento. Ambas me ajudam a escrever melhor! Um salve à arte literária! Um beijo em vocês!
P.S: Elmo, você é um profissional foda! Um escritor excepcional e crítico literário idem Tem que se mostrar mais, tem que sair da toca, coelho!rs
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Ameaças de términos bruscos, incontroláveis e incompatíveis.
“O mundo vai se acabar num terreiro em João pessoa.” Um pai de santo me disse enquanto eu arrumava o material do despacho. De certa forma sentia aquilo acontecendo, a vibração de um término se anunciava nitidamente e chacoalhava meus ossos, de forma que a única alternativa cabível era acreditar. A meu lado esquerdo, uma moça esperava ser atendida, certamente procurava uma resposta, eu já tinha a minha. A meu lado direito, um pouco mais à frente, uma grande mesa de madeira lixada e sem pintura com coisas
Tentava digerir e exercitar o desapego desde já, não conseguia. À medida que pensava nas coisas com meu desprendimento recém-adquirido, mais eu me apegava, mais eu sentia saudades. Meu esforço era inversamente proporcional aos resultados obtidos. Pensava em minha casinha modesta em Austin, com toalha de plástico na mesa de jantar e sofá amarelo em frente à TV, minhas cortinas com estampa de flores do campo e uma imagem de oxum na parede... Meu galinheiro no quintal de casa, minha goiabeira que nunca dá goiabas, o macarrão grudado com galinha a molho pardo que minha mulher sempre faz pra mim aos domingos e que só agora, acho uma delícia... A caminhada de 40 minutos trilhada de madrugada até a estação do trem, a viagem interminável até o trabalho e ver o dia nascendo dentro do vagão sem ao menos, conseguir me mexer... Isso vai fazer uma falta! Sem falar nas noites furtivas com Irene, minha doce namorada, nos motéis fuleiros da Avenida Brasil.
Nunca senti medo e agora estou sendo tragado por ele. Adiantaria tentar desviar o pensamento para outras coisas, se as “outras coisas” também vão acabar? E se não conseguir terminar minha laje? E se a foto não ficar pronta? E se não conseguir pôr a cachaça do santo? Sexta-feira é dia de oxalá.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Raduan Nassar
sábado, 18 de outubro de 2008
Meu quarto
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Golpes intratáveis de realidade absurda
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Demência farfalhante por altos muros de tijolo.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Henry Miller
*Do livro Plexus.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Webradio
Criação coletiva de uma webradio a partir da apresentação e discussão de trabalhos de arte sonora e interferências na cidade, fixando a idéia de que o rádio e a webradio são ocupações do espaço sonoro e que podem modificar o paradigma da produção e distribuição de conhecimento no sistema da arte.
Dias: 02, 09,16, 23 e 30 de Outubro
Horário:18h às 21h
Local: Unidade Tijuca
Rua Barão de Mesquita, 539.
Inscrições: 3238-2076 / 2168
tijuca.geringonca@sescrio.org.br
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Entre os dois um diálogo (Por Elmo Thompson)
Falava. Enquanto isso um cheiro absurdo de fumaça de cigarro. Odeio cigarro. Sua fumaça também. Impregnada em minhas roupas – em todas elas – sou obrigada a me sentir fedida por aquele veneno de que ele tanto gosta. Usa um perfume forte; de que adianta? Já lhe disse isso também – mas de que adianta?
“...é a vida... C’est la vie, como dizem os franceses. Se bem que eu acho que nenhum francês diz isso. Besteira... É só pra mostrarem como deixam que a gente se apodere de um pedacinho de nada da língua deles, um pedacinho tão pedacinho que eles nem usam...”
Não sei por que eu continuava insistindo nisso. Só de relance eu podia ter previsto. Besteira a minha de achar que dessa vez seria diferente, que haveria volta. Volta, entretanto, pressupõe um algo de antes, melhor. Melhor, não. Não necessariamente. Mas não isso. Isso de agora. Isso de agora eu não suporto.
“...dizem que não tem mais jeito, né. Putz, quando soube disso lembrei de ti. Na mesma hora. Fiquei me perguntando: que que será que ela tá pensando disso?”
Se me dignasse a responder, diria que: nada, não pensei e não tô pensando em nada. Somente em sair daqui e nunca mais voltar. Não pra antes, pr’aquele algo. Nem precisa de tanto. Contanto que não seja aqui, com ele. Ele que já foi de tudo um pouco pra mim. No momento não mais do que um corpo estranho, falante e irritante.
“...mas assim, por que é que você não se desprega dessa janela desde que chegou? Anda, vem tomar um trago comigo. Não precisa nem fumar, sei que não é muito chegada na erva. Mas pelo menos olha pra mim...”
Continuei na mesma posição, observando o descolorido dos outros prédios ao redor. Num deles uma mulher trocando de roupa, lentamente, a preparar-se para um encontro. Amante? Com certeza. Eu ficaria com o vermelho, se fosse ela, mas... Noutro havia um homem se masturbando em plena tarde de quinta-feira, sentado numa banqueta de madeira com uma revista na mão. Visão aguçada: era de homem. Homens. Pelados. Transando. Quem diria, um cara com uma cara tão de macho... Mais adiante, uma família almoçando, quieta, concentrada: o pai numa cabeceira, a mãe na outra, os filhos no centro. O menino tinha uns olhos tristes vidrados no copo com suco. Parecia um pouco comigo.
“...ei, o que tá vendo de tão bacana aí pra nem me ouvir?”
Levantou-se e veio até mim. Escutei o barulho do copo com uísque até a borda batendo contra o tampo da mesinha que eu lhe dera num aniversário distante. O cheiro do cigarro mais perto. A fumaça lentamente impregnando-se ainda mais fundo na minha roupa. O cheiro dele mesmo, tão característico, agora talvez a pouquíssimos centímetros de minhas costas. Estremeci de repente num calafrio, como se dois corpos de mesma polaridade se aproximassem. Forças de repulsão agiam loucas, mas de nada adiantaram: seu braço esquerdo pousou em meu ombro.
“...ah, já tá anoitecendo. Daqui a pouquinho o sol se põe. Por isso você tá aqui. Me lembro que você toda vez insistia em ver o pôr-do-sol... Antes”.
Antes. E um leve incômodo instaurou-se no ambiente, tão fino como a penumbra de fumaça que perene embaçava o apartamento. A mão no ombro escorregou com braço e tudo até a cintura. Estremeci ainda mais forte. Calafrio. Forças de repulsão. Cargas se repelindo e por isso se unindo. Sempre achei que fosse balela, mas naquele momento de anoitecer, de sol indo-se embora, com a luz em lusco-fusco, acontecia de modo a não parecer tão canhestro, apesar de a mão ser a esquerda.
“...você entende um monte dessa parada de estrelas, né? Eu gostava de ouvir. Mas não vou pedir pra ti... não precisa...”
...eu sei, me deu vontade de completar. Permaneci parada em frente à janela com aquela mão na minha cintura, arrepios contidos e na nuca um bafo agridoce de bebida com fumaça que se colava também à minha pele. Senti-me impura, incongruente, traidora de mim mesma. Prometi-me que não mais aconteceria. Mas prometer algo a si mesmo é estar fadado à traição. De certo modo eu já sabia disso. E talvez por esse motivo é que não deixava de ir, todas as quintas-feiras, quando me ligava, dizendo:
“...pô, vem, não tô fazendo nada, nem você, eu sei. Deixa o trabalho pra depois e vem pra cá, pra tomar uns tragos, fumar uma erva. Se não quiser pode vir só pra me fazer companhia, como sempre. Não farei nada, como sempre. Como queira. Não quero mais te magoar...”
Coisa de filme. Parecia decorado. Devia até ser, pois foi a única maneira de me convencer a voltar lá, depois de tudo o que já acontecera entre nós. Entre nós dois já acontecera de tudo, tudo quanto seja possível imaginar. Quando duas pessoas chegam a seus limites, quando não há mais o que surpreenda um ao outro, então o que resta é esse estranho lugar-comum de arrepios em um anoitecer de quinta-feira: uma fala forçada e qualquer que bastava pra que nós dois cumpríssemos o nosso papel.
“...uma estrela cadente... Ali, olha! Faça um pedido. De olhos fechados, hein... Isso...”
Pedi. Com fervor de uma vela acesa. Não havia nuvens no céu estrelado. A lua, também não havia, escondida por detrás do homem limpando-se depois do orgasmo; a mulher já saíra em seu conjunto de vestido e sapatos azul-turquesa (eu ficaria com o vermelho... amante... dá sorte...); a família acabara de comer: a cabeceira vazia, e mais um lugar vago. Apenas o menino sentado com os olhos vidrados onde antes estivera um copo com suco. Antes. Sempre antes. Do sussurro, escutei apenas o trecho final:
“...me perdoa...”
Parecia comigo. Disse:
- Te perdôo.
E foi o que desejei à estrela. Antes. Sempre antes.
* Isso é de um amigo e um puta contista. Além das duas qualidades é também mestrando em literatura pela UFRJ e crítico, muito crítico literário.rs
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
A tarde, como sobremesa
"Trecho do conto "onze jantares" de Marçal Aquino.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Fragmentos de existência
Chegou de cabelos molhados, unhas pintadas de uma cor semelhante ao rosa, ou talvez lilás, um olhar obtuso de matutar sofismas e uma ferida na coxa direita que sua saia curta e atochada não conseguia esconder. Prendi meu olhar atento às suas carnes volumosas por algum tempo, me dei ao trabalho de vasculhar seu corpo detidamente até onde suas roupas mínimas permitiam e teci um comentário. Ela me olhou sem resquícios de alma ou coisa que o valha, tirou o canivete do sutiã e pôs em cima da mesa. Eu, ainda olhando, perguntei se estava com fome. Disse que tinha comida na panela, que tinha feito angu. Sem resposta, acendi um cigarro e comuniquei o cancelamento do nosso plano de saúde.
Dei umas quatro baforadas, levantei do sofá, dei mais cinco baforadas, traguei uma e fui a sua direção largando guimbas pela casa. Ela, se esquivando felinamente, abaixou a cabeça, passou a mão pelo pescoço e virou. Pus a mão, com o cigarro entre os dedos, em seu queixo, ergui seu rosto e fitei seus olhos com profundidade até então desconhecida. Fiquei assim por instantes, nenhuma palavra dela, nenhuma minha. Noite de silêncio e fumaça! O que dizer a ela? Que a esperei por toda a noite ali, sobre um estofado com sinais de mofo? Que bebi metade do meu salário numa noite desgraçada de ausências? Que revirei seus pertences e chorei feito um pirralho desmamado?
Grotesca, arqueou as sobrancelhas. Sacudiu a bolsa e entre preservativos e bilhetes mal- escritos despejou incentivos monetários ganhos à custa de seu ventre provocador e o agonizante arfar de babacas
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Frases de efeito
Eu te bebo, eu te fumo...
Fui rolando na vida e esbarrei em você."
*Li recentemente no Blog de uma amiga(Sabina anzuategui), uma citação de Alcione Araújo e Alcione, a Marrom. A discussão literária sobre pausas no texto ficou em segundo plano, viajei e achei a frase da Marrom, tão espetacular e genuína que não resisti. E não, não é cafona. É kitsch!rs
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Encostada ao balcão sem grandes expectativas
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Desejo
*Tá no livro!
Rilke
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.
A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.
De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração."
sábado, 6 de setembro de 2008
O morto da segunda-feira
O malandro caminhava na praça imune aos cochichos e olhadelas das moçoilas desejosas de sua atenção e dos moços vingativos e traídos. Um molejo, um requebro no andar, uma ginga. Nas artes do amor e da vida fácil era menestrel, assim como no samba de Noel. Descia o salgueiro e passeava imperial pela praça Saenz Peña, deslizava pelas ruas da Tijuca sob o sol a dourar-lhe a carcaça curtida pelo álcool e pela vagabundagem. Andava, andava, andava... Cumprimentava um e outro com sorrisos e apertos de mão, visitava seus três filhos e prometia levar leite na próxima vez, alegava incompreensão do mercado de trabalho, a exigir-lhe referências demais. Preocupado com o que fazer pra arrumar algum, escolheu o estabelecimento alvo da vez e pôs-se de plantão até conseguir a oportunidade de afanar o patrimônio alheio, um mercadinho na José Higino. Saiu contente, após duas horas de conversê, com dinheiro e mantimentos. Ao virar a rua, encontrou Jurema e seu sorriso elétrico, aceso na esperança de uma tarde de paixão e loucura. Entusiasmado, o malandro assentiu, sob a condição de uma feijoada completa, com couve mineira e farofa de bacon, Jurema com franqueza peculiar, disse sim lhe descendo a braguilha da calça surrada e acenando sua casa na Conde de bonfim. Refestelaram-se de luxúria e gula, dois pecadores mantidos pelo “patrocinador” de Jurema, o “senhor que ajuda”, como gostava de chamá-lo. Completamente saciado, saiu, o abusado, rumo ao samba, onde encontraria outra gentil senhora. Planejou a noite enquanto ajeitava os trajes, saiu da casa saltitante sem perceber que alguém o seguia, um alguém abandonado pelo malandro, rejeitado em suas melhores demonstrações de afeto, um alguém de alma dilacerada... Rosinha, um travesti magrinho, desnutrido e desvalido permaneceu em seu encalço. O malandro nada percebeu, até chegar à rua Aguiar... Rosinha,chorando o desprezo,tirou seu canivete da bolsa e o surpreendeu com uma estocada no peito. Ele ficou ali, com a blusa branca de linho ensopada de sangue, um corpo de quinta, num dia de segunda.
*Esse fez parte de uma antologia para comemorar os 30 anos de fundação do Sesc-tijuca. Uma parceria entre o Sesc e o Sobrado cultural. Gostei da brincadeira.rs
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Adélia Prado
Nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
o que parece estático, espera."
*É isso!
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Dulcina/Revista
então vá lá: http://movimentodulcynelandia.blogspot.com/
e lá: http://revistachute.blogspot.com/
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Devaneio( Por Rafael)
Há quanto tempo não sonhamos
Que ainda nessa vida realizaremos nossos pequenos sonhos?
Outro dia desses lembrei de você. Uma criança triste se aproximou, apertou meu peito ternamente, fez rolar uma lágrima cristalina.
Saí correndo com medo do cotidiano e pulei do vigésimo andar com um sorriso no canto da boca.
*Ó, não é meu não. Esse é do meu pai,viu caboclada?!
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Querido,
Casei há pouco, você sabe?! Coisa linda, bolo de noiva de
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Lar
“Insolente malcheiroso” era disso que me chamavam àquela tarde de céu estranhamente cinza. Era Fevereiro, época de sol a pino. Era fevereiro e fazia um dia cinza...
Tratei de me refazer de meu pós-coito exagerado enquanto abotoava as calças e ouvia os insultos a mim, distraidamente, tecidos. Desconsideravam-me por completo, entendi ser um serviçal desprezível, um abjeto subalterno com ginasial completo e portador de um belo e disputado baixo-ventre. Eu era um merda!
Triste, saí do quartinho onde faço morada, com o máximo de silêncio possível, sem barulho de passos ou qualquer indício de minha existência. Fui até a cozinha, pus um cigarro entre os lábios e procurei algo que pudesse acendê-lo. Nada! A casa não tinha fósforos, a casa era automática. Não sabia acender o fogão modernoso. Precisava de umas três tragadas e só. Necessitava disso, ainda mais depois da canseira da tarde, da incansável fêmea de útero chamuscante... Vaca! Tenho certeza que uns tragos dissolveriam as mágoas, certeza! Guardei o cigarro no bolso, sentei na cadeira de madeira gasta, comi cinco fatias de bolo solado e empurrei com água. Impressionante como certas palavras vindas de quem não imaginamos dizê-las, ferem. Fui chamado de tudo nessa vida, freqüento o submundo das bestas, minha própria mãe nunca me chamou pelo nome, só por “verme”, mas nessa casa onde achava ser bem-recebido, nunca! Nunca imaginei tal desconsideração! Peguei mais uma fatia de bolo e mastiguei enquanto pensava em tudo...
São 3 da tarde. Hora de capinar o jardim e acariciar o cachorro, senão ele “estressa”. Depois das carícias, um jato de água termal nos pêlos. Frescurada! Depois é hora da limpeza na fossa e mais tarde hora de carcar o patrão. Ele é o menos ingrato daqui, me ofereceu casa, disse que queria fugir comigo pra outra cidade, viver um casamento de verdade, diferente do engodo que alimenta há 15 anos com a mulher, a “fêmea do útero chamuscante”. Eu que sei... Ela vem e reclama dele comigo, aí ele vem e reclama dela. Vivo no fogo cruzado, cheiro à azedo e é disso que eles gostam. Tenho um cheiro de “coisa” que atrai, dá tesão, todas as minhas ex-patroas diziam. Nunca fui demitido, eu que sempre pedi as contas. Gostei daqui, achei nessa casa meu verdadeiro lar, com almofadas, sexo e afeto. Fui iludido, profundamente iludido! Senti fome, peguei o resto do bolo, esquentei um pão duro, amolei a faca de cortar carne e com um tablete de manteiga, segui pro quarto, ao encontro dele.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Oficina de Criação
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Paixão galopante
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Tarde
Seria feliz com isso, profundamente feliz! Iria visitá-la sempre, seria seu melhor amigo, aquele de todas as horas. Não teríamos vergonha de repartir nossa pobreza, ela me mostraria a pia de mármore da cozinha gasta e rachada e diria estar lavando a louça na do banheiro, também em estado terminal. Tiraria então, a carteira do bolso, abriria, pegaria o talão de cheques, a caneta, faria cara de salvador da pátria e perguntaria: “De quanto é o estrago?!”. E ela diria com a testa franzida e a sobrancelha erguida: “Não sei pai. Duzentinhos deve resolver.”
Pai. Ela me chamaria de pai, da mesma forma que todos os filhos se referem aos seus. Sairia naturalmente de sua boca, já faria parte do vocabulário diário, sem alarde, sem ocasiões especiais, sem sinos tocando. “Pai”. Ela diria. Creio que agora, na idade em que se encontra, aos trinta e poucos, não deva mais nutrir por mim uma imagem carinhosa, um sentimento filial, sé é que algum dia nutriu. Ela deve ter trabalhado minha figura como a de um mito, um ser alado, daqueles que “dizem” que existe, mas ninguém vê. Pra minha filha não passo de uma entidade ou no máximo, um fato biológico. O que a mãe deve ter dito a ela? Provavelmente uma mentira bem contada, o que agora não faz diferença. Não sei se resolveria a questão eu tentar uma proximidade, dizer que a quero muito bem ,que sua mãe desapareceu sem explicação mas ainda assim assumo a irresponsabilidade de não tê-las procurado. Acho que ela me mandaria à merda e a mãe, se continua louca como era, me daria uma facada, não sem antes me xingar. O fato é que faltou coragem ou sobrou bom-senso, um dos dois! Descobri seu endereço e fui lá, fiquei olhando de longe ela varrendo o quintal, jogando o lixo fora, arrumando as coisas, observando seu jeito... O astral era de festa, uma recepção de amigos íntimos talvez. Ela estava feliz e é mais alta do que havia imaginado. Pulei o muro do vizinho e me escondi agachado, atrás de seu jardim malcuidado, onde a visão era melhor. Fiquei a noite inteira assim.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Catarse Estética
Reminiscência de desejos remanescentes
Re-des-cobrimento imagético
Re-des-construção
Imanência que leva à transcendência
Luzes, cores, movimentos
Cenas costuradas
Por espasmos oníricos
Fragmentos de um pretérito- presente- futuro- mais- que- imperfeito
Linguagem decodificada
Simulacro furta-cor
De realidade silenciada
Metáforas
Pulsando vivas
Sobre o super 8.
*Prometo e cumpro! Sou mulé de palavra!rs Havia comentado no último post que pretendia junto com um amigo, fazer um curta de uns 15 minutos e tal. Faltou desenvolver o roteiro da idéia, só consegui o poema.
sábado, 9 de agosto de 2008
A filha do coveiro
Tripas
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Furtivo, casual e arrebatador
Ela encontra um conhecido. Passam em direções opostas. Ela continua andando passos fortes e trança as pernas numa sandália rasteira. Ele chama. Ela ri. Ele com lágrimas em cascata a segue e diz: “Vem comigo?” Ela debocha e passa a mão nos cabelos. Ele soluça um pranto sincero e pergunta o que ela quer. Ela diz querer empada de frango, mas se tiver de camarão ela come. “O amor é uma questão de hora certa” Ele dispara. Ela diz estar atrasada e, com olhos soturnos questiona as próprias olheiras. “Não beba demais, nêga!” “É só por hoje” ela ironiza.
Ela anuncia sua ida à Cingapura, diz que será em breve e que por enquanto vai inventando uma lua nova a cada quarteirão. Ele diz-lhe coisas dizendo-se coisas, reafirma sentidos e opiniões enquanto cospe conselhos àquela. Ela, alegando pressa e fome, segue andando sem olhar pra trás. Louco, ele a percebe se distanciando aos poucos e tropeça um “você me ama?!” Irônica, para, vira o rosto e diz: “Depende... O que quer ouvir?”
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Realejo ArtesAndando
Oficina "ARTE PÚBLICA: ações em rede" com o artista plástico Alexandre Vogler e crítica "ao vivo" com o artista hipermídia e Mestre em Linguagens Visuais, Luis Andrade.
Dias: 06, 13, 20, 27 e 28/08/08;
Horário: 18h às 21h;
Local: Sesc Tijuca. Rua Barão de Mesquita, 539. Tijuca. Quarta-feira - Sala de vídeo.
Grátis. Inscrições: 3238-2168 / 3238-2076 / tijuca.jovem@sescrio.org.br ou deixem recado aqui mesmo que inscrevo vocês! tijuca.geringonca@sescrio.org.br
Alexandre Vogler = http://www.alexandrevogler.com/
Beijomeliga!
sábado, 26 de julho de 2008
Não só, como também...
Um cheiro de conta não paga, um jeito de dívida, daquelas de mais de 15 dias de vencimento. Senti prazer em ser politicamente incorreta, tudo fazia o maior sentido, os buracos no teto, a sensação da facada no peito provocada por algo muito mais ferino que uma simples facada no peito, as risadas fora de hora, os orgasmos múltiplos, a puta triste à espera de coito remunerado, o Vasco levar mais um vice, o tesão pelo amigo gay, tudo, absolutamente tudo fazia o maior sentido. Quadrados, por que quadrados e não redondos?Por que assim se assado?Qual a dificuldade nisso além da própria dificuldade?Por que ser, se não foi e se fosse não teria sido?Por quê?Por quê?Por quê?Não há cura para o que não arde.
Deixa doer!Deixa sangrar!Quero veias abertas, arreganhadas, jorrando vermelho visceral. Quase esvaindo. Quase caindo. Quando mais alto melhor!Só se for agora!Tem coragem?Duvido!Então mostra! Tem pau pra mim?É, você, psiu... Tem pau pra mim?
Até saberia se o que soubesse não fosse tão velho e se as dúvidas não fossem tão certezas.
Toda forma de dor vale à pena. Pise pés cruéis em toda minha idiotice. Pise pisando, mesmo!Sem medos ou firulas, espalhando imbecilidade de modo que se forme uma grande bolha à minha volta e eu possa, então, respirar toda boçalidade que me é de direito.
Veneno doce, quero lamber!
*Tá no livro e, até que eu mude de idéia, é a 3ª e última coisa que posto dele por aqui.