quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2011

Feliz ano novo!
É a época em que esperam que renovemos as esperanças e simbolizemos satisfação total com um baita sorrisão no rosto e abraços emocionados em desconhecidos... só pq vai iniciar um outro mês. Mas eu visto todas as cores e acredito na renovação, nisso tudo como ritual (do ponto de vista antropológico mesmo). De uma forma, essa histeria coletiva me emociona. Primeira resolução de ano novo: Escrever mais e dedicar mais tempo ao ócio criativo, ainda que cobranças acadêmicas e laborais me interrompam as vontades.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sábado

Não há o que fazer, está calor. Invento coisas, troco coisas de lugar, procuro músicas festivas e dançantes em minha vasta “biblioteca” pirata e entre sentimentos diversos, não sei qual adotar. Um sábado de coisas e ociosidade. “Depois de uma marola, vem inúmeras outras marolas para quem está com os pés dentro d’água.” Frase dita numa peça que vi ontem, texto de Brecht, interpretação visceral de dois atores absurdamente bons. Eles são grandes, me perdoarão a não reprodução fiel. Inúmeros textos iniciados e não acabados me aguardam uma solução, sinal dos tempos... Inacabadas obras que de concreto não estão armadas, calcadas em gigantescas vigas de poesia e vento.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Era o que parecia

Sentia dores horríveis no calcanhar direito enquanto ela se aproximava lentamente, ventando ainda mais as cortinas de tule frágil sobre as janelas escancaradas. Era como se anunciasse algo suficientemente devastador para uma tarde insossa, os dentes, ah meus dentes...! Mastigariam com força qualquer tentativa infantil de formar-lhe insultos, eu sentia, meus dentes, assim como meu calcanhar, combinaram independência logo cedo de manhã. Tudo aquilo era insatisfação genuína, discordância, freio dos instintos. Observava contidamente os detalhes dos seus movimentos, eram suaves, eram sem culpa, eram o café entornado no chão, eram a plasticidade de parto normal, eram meu humor às vésperas de férias. À uma e meia da tarde vai-se existindo e consistindo transcendências de um impessoal vivo e mole, daqueles que escorrem entre objetos, sentidos e gente. Transcende o final da manhã com voz ainda rouca, importante ressaltar. Com voz ainda rouca. Ainda. Bastante até. De início, possibilidades de escrever em signos e contorcer-se toda no anonimato das cólicas renais. Ou era isso ou “a mão verde e os seios de ouro” de Clarice entre coriza de nariz e suspiros de lambida em gratidão. Sou grata, sou integralmente grata já como parte indissolúvel do “eu”, como característica marcante. Os amigos sabem. Eu sei. Clarice também.

Ainda assim, dores no calcanhar e uma sensação doce no respirar e no sentir-se presente enquanto mais um fato no mundo se faz sempre do lado de fora do aqui. Tudo isso e júpiter na minha sexta casa zodiacal sem o “eu”, sem Clarice e sem freios. Em questão de segundos forma-se outro “aqui”. Ela e os movimentos me diziam reiteradamente que o que estraga a felicidade é o medo. As janelas, à esquerda do meu calcanhar direito e a energia do meu silêncio no ar denso de palavras heróicas e... Sim, é uma situação clichê! Sentia dores horríveis, agora na boca, agora onde o gozo aos poucos se desajeita no novo, agora também os ombros. Agora a nudez é justa. O telefone toca em onomatopéia.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O corpo questiona suas definições

Olha, ainda tem ingresso pra hoje. Dizem que o cara é foda e tal. Aquele tipo de espetáculo que te entorta te revira as tripas a partir do dedão do pé e quando você repara, já tá sem as costelas e a respiração saiu pela pele. Acho que não devemos perder... Primeira vez no Brasil e dentro de um festival. As chances do mesmo festival chamar o mesmo cara são pequenas, tanto quanto fazer natação na chuva de um sábado gelado, geladinho. É, sei que faz natação nessas condições. É só recurso retórico, entende?! Uma pessoa normal pensaria duzentas vezes antes de nadar no gelo e blá. Porra, não é pra levar tão a sério meu comentário! Eu não levaria. Não me permito me perturbar por bobagens, aprendi na yoga isso. Ai, tá desculpa. Não quis bancar a superior falemos de outra coisa enquanto a gente se arruma lindo e rápido. Mas veja bem, queridão, temos pouco tempo até calça-meia-cueca-saia-sapato não,chinelo – blusa no plural da mesma cor- bolsa e até eu decidir se vou de sutiã ou não. Tô tão sensível sei que esse cara foda tem participação nisso tudo, só de pensar os olhos se entopem de lágrimas e, daí choro e choro e quando vejo sou outra igual, mas diferente. Como num ritual, um ritual de passagem. Tenho certeza que mudarei assim que pisar naquele teatro. Vou me dissolver feito vaca. Ele é francês e tem depoimentos em vídeo. Ele faz trabalho sobre vítimas. Não sei onde estão suas meias, procure no varal. Se estiverem molhadas não ponha. Dizem que a perda de sangue não é dolorosa e que enquanto a coisa toda se esvai no tempo, a gente vai sentindo um torpor parecido com gozo. Depois do cara foda queria comer salsichinhas alemãs. De ervas.

Cartas, Rilke, Artigos e mensagens(ou Sobre arte e seus cavalos)

#Fazendo uma pesquisa no google acadêmico, para início de um dos três artigos que tenho que escrever, dei de cara com esse trecho de "Cartas a um jovem poeta" do Rilke. Como sim, sou mística, não pude deixar passar essa.



Paris, 17 de fevereiro de 1903

Prezadíssimo Senhor,


[...] Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem - usando da licença que me deu de aconselhá-lo -, peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, - ninguém.

Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa sua vida de acordo com essa necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão.

Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usuais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes.

Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza - relate tudo isso com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente.


Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre a sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? [...] Se depois dessa volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará a perguntar a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por seus trabalhos. [...] Talvez venha significar que o Senhor é chamado a ser artista, Nesse caso, aceite o destino e carregue-o com seu peso e sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora.

[...] Mas talvez se dê o caso de, após essa descida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o Senhor de renunciar a se tornar poeta. (Basta, como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo.) Mesmo assim, o exame de sua consciência que lhe peço não terá sido inútil. Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.[...] Com todo o devotamento e toda a simpatia,(...).

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Hilda

"Existir é sibilante. Enfim, o existir não me confunde nada. O que me confunde é a vontade súbita de me dizer, de me confessar, às vezes eu penso que alguém está dentro de mim, não alguém totalmente desconhecido, mas alguém que se parece a mim mesmo, que tem delicadas excrescências, uns pontos rosados, outros mais escuros, um rosado vermelho indefinido, e quando chego bem perto dos pequenos círculos, quando tento fixá-los, vejo que têm vida própria, que não são imóveis como os poros de Mirtza, que eles estão à espera... de quê? De meus atos. Não meus atos cotidianos, nada disso de se levantar da cama, tomar resoluções, banho, caminhar, não é nada disso, talvez em alguns dias, quem sabe, esses pequenos atos se encadeiam de modo a me levar ao grande ato, não sei, preciso refletir mais demoradamente, e chamo o meu ato de grande ato não porque ele tenha importância pra mim, pra mim é muito simples, é apenas muito estimulante, mas o grande ato deve ter importância para a maior parte das gentes, ah, isto eu sinto que é verdade, porque se não tivesse importância eu não me confundiria tanto, quero dizer, eu não ficaria tão em dúvida quanto à possibilidade de me dizer aos outros, de me confessar."


Fluxo-Floema, da Hilda Hilst prosadora poética.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

La Pocha Nostra


Com um número limitado de participantes, escolhidos através de uma convocatória, aconteceu o Pocha Nostra no Rio de Janeiro. Estive entre eles e de todo o processo posso dizer: Sim, foi foda! Foi lindo e tenho cada um guardado na lembrança. Meu corpinho ressignificado agradece e devolve em textos, em inspirações, em trabalhos ainda em andamento, tudo que recebi e senti. Escrevo mais sobre. Trabalhemos!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Processo e pão com margarina

De quando em segundo considero homenagens ao instante das sobras dos dias, que me vem às tardes. Compreensões às meias dúzias. O resto é só chuva mesmo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Tríptico

Acho que da explosão das coisas nascem mulheres-mortes. Sim, a morte é mulher e vôa de braços abertos ao som de "tum,tum,tum", feito explosão mesmo. "Tum" forte. E ela continua voando, monocromática, num céu que lembra o de Cubatão. Ela desliza e deixa coisas caindo dela e nessa vai ficando cada vez mais leve. Ela toca as nuvens. Ela espalha.
A morte agora é uma iraniana de véu e olhos penetrantes, ou, uma simples performer ressiginificando, junto a outras. Junto a outros verbos.

Fim da parte 1.

Uma carpa sorri em ideograma japonês e diz "Meu nome?(...) Meu nome é Shi Zhou." Ela para, pensa, hostiliza o ambiente e continua: " Num pequeno tanque, minha formação se deu num pequeno tanque. Nada incrível, mas uma coisinha assim ó...! Se colocada num lago, seria 3 vezes maior. Atingiria uns 21 centímetros,talvez. Sou altamente adaptável, mas não quero falar nisso. Saltarei uma cachoeira na época da desova,será meu grande feito."

Fim da parte 2.


"Olha! Não é uma bela imagem?!" Um vídeo do preparo de um prato de comida. Visto de cima. Apenas mãos cortando legumes, de preferência em tiras finas. Sem caras, só cores, processo e som. Um corte e uma nova imagem.Digna de novela, horário nobre. Um homem com cachinho na testa organiza os bois. Todos para o abate, ao som de jazz. Custarão 1,99 no MC Donald's. Shi Zhou ainda sorri

Fim da parte 3.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dias 28

Um laço de coisa ao lado da calçada marcando a extremidade da cena. Um pixe saltando de euforia, destacando-se dos demais por dissociação de idéias e asfalto. Não havia calor que freasse os instintos de uma tarde circunflexa e fechada em iconografias pessoais forjadas em tintas tristes de funk carioca. Folhas finas, fininhas, inhas, de papel em constituição de signos, como representação de abandono ao vento de “bom dia”. Era o vazio fazendo cálculos e levantando folhas, pixe, euforia, inhas, tintas e cena. Em outro dia que fosse faria o que não havia até então feito para fazermo-nos, amém. Assim, um ritual –bricolagem do visto e sentido, apenas. Suave, pra depois do almoço, indigestão inha.

domingo, 12 de setembro de 2010

Amor em forma plural e algumas cores

Uns amigos e umas cervejas.

Um dos parangolés de Hélio, o oiticica.

Marina Pacheco, Alê souto, eu.
umas das grandes coisas do fim-de-semana foi a abertura da exposição do Hélio. Numa tentativa de recriar as ambientações em que trabalhava, nota-se a afetividade de seus trabalhos e relações. Com amigos queridos num sábado fora da rota do tempo a coisa toda reforçou a questão dos afetos, do contato, da contaminação com a história do outro. Tenho tentando realizar um projeto que fala sobre o amor em pluralidade, das situações em que ele é vivenciado. Do interesse ao desprezo, tenho buscado, através desse, falar de amores.

sábado, 21 de agosto de 2010

Coisas que a gente esquece de dizer


O sol se põe vermelho perto da minha casa.

sábado, 14 de agosto de 2010

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Roberto Piva

"Desde o explosivo Paranoia, de 1963, Piva fez da experiência transgressora o alicerce de sua poesia, mantendo-se fiel a este princípio cristalizado na frase que tanto proferiu ao longo da vida: “Só acredito em poeta experimental que tenha vida experimental”. Homossexual e adepto da ingestão de alucinógenos, proclamava a sabedoria dionisíaca da embriaguês, “fazendo de seu comportamento desregrado também o modo de ser de sua linguagem”, como escreveu o crítico Davi Arrigucci Jr. no prefácio à mais recente edição de Paranoia (IMS, 2009). “Piva não era um poeta de fim de semana. Era um poeta intenso, em tempo integral. Para ele, a poesia não era um adereço intelectual. Era algo vital”, define o também poeta Ademir Assunção." Mais = http://revistacult.uol.com.br/home/2010/08/que-o-seculo-21-de-razao-a-piva/

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tô ficando atoladinha

Algumas idéias com as pontas soltas na cabeça, duas monografias de 20 laudas cada para entregar no mestrado, vídeo em edição, livros pra ler gravações de um novo trabalho e contos pela metade. Tenho escrito contos pela metade, uma dúzia deles. Tecnicamente estou de "férias", mas sem moeda no bolso nem planos de viagem, resta-me o cansaço e dores no ombro. Provavelmente terei que usar óculos em questão de uns dois anos, portanto, essa imagem que roubei do site da Miranda July faz todo sentido. Preciso escrever mais ficção ou ao menos completar o que inicio...rs

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Adaptação - A Literatura no Cinema

Mostra com 29 filmes da cinematografia mundial, com adapatações de textos literários! Entre os dias 13 e 25 de julho,de terça-feira a domingo. Onde? Caixa Cultural.




Produção

Escrever, pensar, estudar, produzir de manhã, logo quando se acorda, com as costas ainda descolando da cama, com o dia entrecerrando os olhos, é incrível! É uma das melhores sensações! Tem gosto de café em casa de vó! Da ousadia de comer pão doce gigante em tempos de artérias politicamente corretas! Acordei às 6:20 com o sol do mundo na barriga! Puta que o pariu, que se repita!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Chuva de chá quente

"Talvez que quando eu for velho, reduzido aos meus relógios e aos meus gatos num terceiro andar sem elevador, conceba o meu desaparecimento não como o de um náufrago submerso por embalagens de comprimidos, cataplasmas, chás medicinais e orações ao Divino espírito santo, mas sob a forma de um menino que se erguerá de mim como a alma do corpo nas gravuras do catecismo, para se aproximar, em piruetas inseguras, do negro muito direito, de cabelo esticado a brilhantina, cujos beiços se curvam no sorriso enigmático e infinitamente indulgente de um buda de patins."


#Do livro "Os cus de Judas" de António Lobo Antunes. Ganhei, tô lendo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Personagens da Copa/em Copa - A série


Suco( Estudante de ciências sociais austríaco ): "Fui eu. O Brasil perdeu porque disse que seria o último jogo, meu pai é um xamã poderoso."


Vendedor de sorvete: "Picolé,1 real!! Brasil perdeu, tô invocaaaaado!!"

Personagens da Copa/çum´paulo - A série II

Menina que tinha acabado de conhecer:
Diálogo 1: "Tia, você mora aonde?"
"No Rio"
"(...) Tietê?!"
"Hahaha! Não... no de janeiro."
"Sei... E você fala português,tia?"
"Estamos conversando,né? Então eu falo"
"Sei..."

Diálogo 2: "Tia, me paga um torcida?"
"Pago."
"Tia, você é mó legal! Quer me adotar?"
"Mas você não tem mãe?!" (com o coração pulsando afeto e sarcasmo e imaginando uma filha igual)
"Tenho, mas ela não paga torcida."

Diálogo 3: "Tia, tira uma foto minha?
"Claro!!"
"Fica aqui pra sempre?"
"Vamos ver..."


Menina que acabei de conhecer, com o olhar, o jeito e o sorriso mais doces que já vi:

Apelo emocional 1: "Me segura no colo?"

Apelo emocional 2: "Quero sorveeeeeete!"

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Personagens da Copa/çum'paulo - A série

Fui para São Paulo e além de trabalhar parte da minha pesquisa e comer pizza do Bixiga, assisti um dos jogos do Brasil entre os mano e as mina da Boa Vista. O jogo em si foi decepcionante, mas o entorno foi dos melhores, sem falar nos comentários. Se fossem eles no lugar do Galvão Bueno ou qualquer outro, o sorriso viria mais fácil e a cerveja desceria mais redonda, meu!
Vendedor de Icegurt cujo nome esqueci:
Comentário 1: "Que falta faz um argentino no time do Brasil!!!!!"
Comentário 2: "Isso é jogo de xadrez?"
Comentário 3: " Não sou o Cazuza, mas sou o cara!"
Comentário 4: " Ôrra, que isso aí, mano?!"

segunda-feira, 21 de junho de 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O inferno são os outros, sou celestial!



Trecho de uma videoarte do "Nem coletivo" em edição. Estava eu, inocentemente passando pelo Largo da Carioca,quando fui condenada.Eu e outros passantes.

domingo, 23 de maio de 2010

Domingos rendem bons diálogos

"Fala uma frase?"
"Hum?"
"Uma frase,ném."
"Puta que o pariu."
"Não vale,não é frase isso...!"
"Então... Tarantino disse que sou autêntico e sexy."
"De onde tirou?
"De um sonho. Sonhei que meu pai dizia isso com um sorriso nos lábios, uma alegria nunca antes vista. Ao menos não por mim. No sonho meu pai era gay."
"Nunca sonhei nada parecido, acho que fiquei com inveja. Invejinha branca,mas ainda inveja."
"Inveja de uma merda dessas? Vc não tem nada pra estudar,não?!"
"Tenho. Tenho mil coisas pra estudar, pra ler. Seminário semana que vem pra eu apresentar. Bate um medo de fazer a coisa ficar sonolenta. Falando nisso, vc estará lá! Me ajude?"
"Como,porra?"
"Ah... sei lá, poderia manter um semblante feliz, uma cara de satisfação, aquele olhar de quem vai à churrascaria sem culpa."
"Certo! Ainda que esteja ruim, demonstrarei interesse. Se depender de mim, será doce. Garanto!"
"Valeu,querido!"
"De nada,ném. Mas sabe que sou crítico,né? Se for ruim, vou te falar depois."
"Portanto que seja depois..."
"(...)"
"Mas, qual a finalidade da pergunta? Da frase?"
"Ah, foi uma maneira de estimular a imaginação, de puxar algum assunto que pudesse virar um texto. Um brainstorm despretencioso.Preciso escrever mais, o corpo sente falta"
"Brainstorm despretencioso!Adorei! Mas, sinceramente, não tem tradução em português pra brainstorm,não?!"
"Creio que não, mas vou inventar. Prometo!"
"Por Favor! Terrível esse anglicismo, essa dependência forçada.Minha língua pátria,mas..."
"É, eu sei. Tem alguma coisa pra comer?"
"Canja e vinho branco. Vai?"
"Puta merda! Nem um franguinho?"
"Dentro da canja..."
"Diz uma palavra?"
"Inglês, português ou alemão?"
"Sua escolha."
"Ah Rachel...! Nefasto."
"Boa!"
"Preciso dormir 10 minutos."
"Dou graças à Deus por não ter nascido pinguim."
"Hein?"
"Tá na parede, ali."
"Ó, tem canja. só esquentar."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Performances

Pra onde olham?( Nycolas-o cinecaboclo e Raphi - o gringo que fala )


Após um período de maturação das idéias, decidimos ir pra rua, aproveitar o ambiente relacional em sua excelência. Esquinas que cospem pessoas em pressas plurais, até mesmo em um sábado de sol em Copacabana, que contam histórias ressecadas no silêncio das passagens diárias, que abrigam moradores de rua mais simpáticos que a fina flor bem alimentada, bem comida e bem paga. Impressionante! A zona sul não rende, não flui bons trabalhos. Geralmente quem para e interage, está de passagem pelos bairros, não são moradores. A grande vedete de um dos trabalhos foi um panfletista figura, que parou e fez praticamente um stand up comedy diante das câmeras.
Enfim, as performances foram: "Subversos e Frases" sem ponta em Copacabana e "Checkpoint" na Gávea. Duas propostas diferentes em que mergulhei e das quais falo mais detalhadamente qualquer dia desses.

domingo, 9 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pera aí,tá?!

Fui ali tratar de umas questões conceituais e de algumas banalidades amenas. Tabalho,muito trabalho e pouco dinheiro. Boas novas, ainda essa semana!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

É nóis,ném.

A pesquisa e a seriedade de quem a realiza com afinco e presteza. Macunaímas visionários pré-pós-neo refletem sobre o peso da contemporaneidade e descansam depois do almoço.


Raphi(antropólogo,ator,diretor de teatro e performer) e sua pesquisa: "Uma investigação multi-disciplinar da estética do espaço público urbano, da sua relação com a prisão, e dos efeitos exercidos nos dois por projetos de reforma urbana. Com foco no Choque de Ordem, projeto atual de reestruturação no Rio de Janeiro, o estudo apresentará uma análise de estrutura e funcionamento social do espaço público urbano e da prisão. Terá como base prática o desenvolvimento de oficinas e performances colaborativas criadas com “não-atores”, participantes sem reconhecimento nem treinamento formal como artistas, mas que pretendem se expressar através de um trabalho artístico. Essas colaborações artísticas, realizadas tanto na rua quanto na prisão, darão acesso à expressão pública para presidiários e para os principais alvos das atuais reformas urbanas, como vendedores ambulantes. Através da mistura de diferentes metodologias, por exemplo a utilização de performance pública como meio de análise social, o projeto apresentará uma leitura alternativa da estrutura, história, e funcionamento da metrópole."

Pedro, o Victor (bailarino ou seria dançarino? e professor) e sua pesquisa: Na falta do resumo, digo que a coisa toda consiste no método de investigação em dança contemporânea criado por ele. O método das gavetas, inspirado numa imagem surrealista, que mistura dança e literatura. O repertório pessoal de cada candango estaria disposto nessas gavetas-acervo, usadas para motivar o(s) movimento(s)e sua fluência.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Salve!

Jorge sentou praça na cavalaria. Eu estou feliz porque também sou da sua companhia!

Amigos e amigos.

Ocupação-exposição.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Palavras soltas



"Moça, nem sei o que é isso, nem li. Me mandaram tirar."

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Parafraseando

"Não sei pra onde estou indo,
mas sei que estou no meu caminho."

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Do comentário ao texto

O comentário:
Olha,a mim parece um processo catártico. Parece que é você processando todos esses dias cheios de informações, o desastre, as amigas, a suspensão doida da rotina,a morte do conhecido desconhecido... A chuva como catarse. Tá bem íntimo, diferente do que usualmente escreve. Gostei dessa cara.
Pra terminar com uma confissão: Essa coisa toda que tem acontecido por aqui, no Rio, junto com umas questões minhas, me deixou bem triste, com uma sensação de não pertencimento, de desajuste, de falha. Acho que o caminho da sanidade deve ser esse mesmo, surtar, realocar uns troços e jogar fora uns outros. Um viva à quebra!
Beijo.

O texto:
http://heykpimenta.blogspot.com/2010/04/chuva.html

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O de sempre é diferente.

Hoje percebi um grão de milho, desses de pipoca, no chão do quarto. Embora pequeno, causava um desconforto infantil ao vê-lo ali, inerte e sem função. Passava em meus afazeres sem deixar de olhar e, por vezes, pisar. Como não me furtar à sua trajetória possível, às circunstâncias que o impuseram o destino, o acaso ou o grande sei-lá- o -quê a participar da minha vida? Quantas crianças o desejavam crescido e com manteiga? Quantos pubescentes insuportáveis amansariam a ansiedade latente afrontando-lhe as mandíbulas em flor no escuro de um cinema? Quantos? O vasto mundo das possibilidades e suas questões mais comezinhas. A vida pela vida. A falta de sentido absoluta e a abertura a interpretações mil.

Eu, arrebatada por um milho, já velho, no chão. Eu, desprezando a lógica do acaso e de análises combinatórias capazes de explicar o etéreo, me prendia à poética do nonsense, à poética da poesia por si só, à centelha do nascimento e morte das melhores intenções. Senti que não era capaz de tamanha doação, assim, a quem não se conhece. Senti a limitação trabalhada no medo e nódoas que o tempo nos oferta, senti que minhas defesas me faziam, àquele momento, pequena. Creio já ter sido melhor. Eu, tão intuitivamente versada em sílabas e amor incondicional. Eu, que só tenho a respiração.