terça-feira, 26 de abril de 2011

Rolê


Um dia de sol, desses de praia. 40º à sombra, uns 45º no asfalto quente. Desses de praia, desses que não se pode perder, quando se pode. Quando de férias, de bobeira, de resguardo, de sorvete na pracinha, de protetor solar. A praia como opção mais óbvia, a piscina dos amigos como opção mais viável. Sim, ao morar em Pilares ou em qualquer lugar de refugiados urbanos, as intenções se estendem em progressão, tal como o trajeto dos 2 ônibus, quiçá 3. Cruzar a fronteira da (sub) urbanidade exige tempo e espaço ou o espaço do tempo. Questões basilares da arte contemporânea. Mas voltemos ao reluzir do dia e suas possibilidades: Um puta sol. 45º no asfalto quente. Desses que não se pode perder. De resguardo. Em Pilares. Refugiada.
Vencidas as negações. Reafirmadas as inclinações quixotescas. 10:00 na Tijuca. Jet. Chapa vazada. Cara de inofensiva, de quem vai à feira e zela pela boa saúde. Incapazes de vandalizar. Mesmo! Eu e Ana, sem ofensas, só boas intenções. Locais previamente pensados em razão da mensagem. Site Specific. O lugar é crucial para a comunicação simbólica, política e artística. Relação dialógica anônima via signos e sinais sociais. Mulher e todo seu vasto universo remete à: Maternidade, salão de beleza, emergência pediátrica, motel, farmácia...? Uma mulher sangrando remete à: Menstruação, aborto desejado/ inesperado, morte, vida, comemoração, pranto, inconveniência, cheiro, desapego...?
Gestar uma idéia com as exigências de cada pequena etapa. Exibir um filho ao mundo, inserí-lo no cotidiano, tornando-o parte da vida das pessoas, romper a membrana imaginária do “público x privado” com as mãos um pouco frias e aderentes ao Jet. A adrenalina do descumprimento à proibição estúpida misturada à calma meticulosa de quem pensou estrategicamente o lugar e a mensagem. Na Tijuca, em direção à Vila Isabel, com um crime guardado na mochila e o processo de desapegar-se de algo que te usou como meio, mas que não é seu.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Processos integrados de desconstrução do isso.

Um, dois, respira. Isso, língua no céu da boca, dentes em contato e..., sim, uma arcada em desalinho, mas ainda são dentes. Vai,vai,vai... Puxe o ar lentamente, em profundidade e traz com ele o que for seu, ou o que julgar seu. Foi. Agora solte o ar... Não, narinas não. Pela boca, como se um alívio, como se um deságüe, vai jogando fora, foca bem, vai... Imagina um descarrego, um banho de mar. Tá, pode ser um banho de rio, de cachoeira, água gelada tocando a pele e pá, um lance, um calafrio, toda uma coisa (...), soltar o ar é jogar o lixo fora, é deixar ir. Vai, nêga! Continua no inspira- expira. Sente o corpo, comece a movimentar os braços. Agora os ombros, agora a cabeça, agora as pernas, agora os dedos do pé, agora tudo junto e (...). Agora pula e concentra e vai... Não perde o foco na respiração. Olhos fechados, sentindo o espaço, mergulha. Cuidado com os cantos da mesa à sua esquerda. Sem medo, um, dois, três respira si fu xi pá! Mais alto, bem mais alto, pulando e xingando. Puta que o pariu seu filha da puta do caralho vai se foder e ganhar mal a vida toda, ser explorado, sacaneado, mal comido! É... Aqui ó! Sim, claro, pode xingar mais. Sim, pode ser sua mãe. Wow! Perfeito! Agora imagine que está brigando num bar e dê socos imaginários no ar, alveje uma vítima e comece. Vai, um golpe de cada vez, cuidado para não apanhar. Respira! Segura! Cuspa na vítima! Vai, mais uma vez! Isso, um, dois, três, língua no céu da boca. Um, dos, três, peça desculpas e se arrependa. Vai, nêga!Trabalhando o perdão, a resignação. Pague a conta toda. No processo - no fluxo contínuo da vida (...). Abrindo os olhos devagar. Calma, pode chorar à vontade. Me abrace.

Bem, voltando aos dentes... Sabe que representam uma deficiência de baço? Sim – na medicina chinesa dentes representam a estrutura da pessoa e a forma com que ela digere, filtra as informações. Ó, fazendo uma análise sígnica rápida dos seus dentinhos, diria que você tem problemas com o mundo. E digo mais, tem prisão de ventre!Você tem apego demais às coisas e situações e tem a necessidade que te tratem como se fossem sua mãe ou pai. Você curte ser maternalizada e repete esse padrão com todos ou ao menos tenta (...). Querida, você é infantil. Como acertei? Ah, nêga, o corpo é um sistema integrado, orgânico. Se aqui não vai bem, desequilibra ali. Ninguém paga a conta sozinho. Ai, ai! Até segunda. Às oito.