domingo, 28 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
Ano novo?
É chegada a época em que todos, com raríssimas exceções, exercitamos a reiteração de clichês, condicionamentos e blá,blá,blá... É dezembro! Natal e Réveillon separados pelo lapso temporal de 1 semana. “Já é Natal na Leader magazine!” Comprou seu presente? E a roupa do ano novo? Vai comer lentilha? Vai pra Copacabana? Os fogos são lindos! Sempre chove e, com sorte, você voltará ileso e sem varizes pra casa. É lindo! Vai perder?
Certamente o astral de renovação, a sensação de novidade e a esperança intrínsecas na data e a quebra de tempo nos favorece, ajuda na manutenção do bem-estar e da sanidade mental. O homem, embora procure estabilidade, não suportaria uma vida sem mudanças. É fato. Cairíamos na mesmice, morreríamos de tédio. Ainda assim, nosso instinto de preservação avesso à mudanças nos trai, visto que ao nos depararmos com situações-limite ou com o desconhecido, invocamos mini- certezas. Somos incapazes. Somos cruéis.
Talvez 2009 seja uma repetição de 2008, uma reedição melhorada. Talvez a mulher livre ainda seja considerada puta e o homem, um sensual, um visionário sem amarras que sabe aproveitar oportunidades. Um seguidor das ideologias de Sartre. O máximo! Talvez aquele que lê mais de um livro por mês ainda seja rotulado de intelectual e chato.Talvez o artista ainda seja visto como irresponsável sonhador. Talvez ainda vivamos no século 19! Talvez a crise arrebente a classe média e o dólar suba e caia novamente. Talvez isso e aquilo... Talvez tudo continue igual, mas a vida ainda vale o benefício da dúvida.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Marguerite duras
* Gosto de narrativas sobre a cidade e as sensações que elas causam. Por gostar uso em alguns textos. Por gostar, fico feliz quando encontro-as nos livros.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Mainstream X Underground
www.oglobo.com/especiais/chatosporoficio/
*Leiam a matéria do link. Em breve escrevo algo sobre.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Quatro Quartetos
Estão ambas talvez presentes no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo tempo é irredimível.
O que poderia ter sido é uma abstração
Que permanece, perpétua possibilidade
Neste mundo apenas de especulação.
O que poderia ter sido e o que foi
Convergem para um só fim, que é sempre presente.
Ecoam passos na memória
Ao longo das galerias que não percorremos
Em direção à porta que jamais abrimos
Para o roseiral.
Assim ecoam minhas palavras em tua lembrança.
Mas com que fim
Perturbam elas a poeira sobre uma taça de pétalas.
Não sei.
Outros ecos
Se aninham no jardim. Seguiremos?
T.S Elliot
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Primeiro dia
Tenho fome e não é de pão, tampouco brioches. Ainda assim entro na padaria, entre infindáveis opções da mais baixa gastronomia escolho uma média de café com leite e sorvo com letras de um romance sórdido e ácido de João Gilberto Noll. Com um misto de inveja e admiração profunda, fecho o livro na tentativa de me desvencilhar de sentimentos tão intensos, afinal encontraria Domingos de Oliveira em sua totalidade em questão de 40 minutos. Não seria justo não estar inteira, não seria digno estar absorta na sintaxe do romance que ainda não escrevi, do Jabuti que certamente ganharia com ele e...
Louca, tropeço num passante enquanto me dirijo ao teatro das artes. Peço desculpas e para disfarçar compro jornal e troco trivialidades dispensáveis com a vítima. 9:30 da manhã. Sigo o breve percurso restante, chego à porta do teatro. Meia dúzia de pessoas numa bancada de mármore até que nos deixem entrar. Escolhemos nossos lugares, reconhecemos rostos e aguardamos até que ele chegue. Eis que chega! Chega, coloca suas coisas sobre e uma espécie de baú em cima do palco, cumprimenta individualmente as presentes com três beijos no rosto e os presentes com um aperto de mão seco e sucinto. Óbvio, trata-se do homem de todas as mulheres do mundo! Natural e de um certo ponto previsível.
Feitos os rituais e devidas apresentações a aula começa. Entre questões filosóficas bem pautadas, algumas perguntas centrais como “O que é o teatro?”, “O que é a palavra? O que é isso e aquilo? Ele cita Sartre e Camus entre pausas de sorriso fluido de fumaça e olhos solidamente verdes. Seus gestos denunciantes de excesso de vida e a dialética existencialista. Penso a palavra sob essa ótica e anoto “ser uma força que nos atrela à condição humana inescapável. Aquilo que nos condiciona à limitação dos conceitos e nos liberta cruelmente, afinal “o homem está condenado a ser livre” Mais adiante resignifico o teatro como uma grande mágica que celebra a unicidade do momento, como uma espécie de simulacro do real, como uma coisa tão forjada como a própria vida, como a base de todo pensamento filosófico, a dúvida. É tudo mentira mas é de verdade. Domingos dá uma pausa de 15 minutos e retoma a aula com exercícios de ator. Traga mais um cigarro, observa, tece comentários e lê um trecho de sua dramaturgia. Ele na condição de Deus de seu próprio apocalipse, detém o poder das escolhas. Tenho medo.
*Estranho escrever na primeira pessoa, prefiro as máscaras dos personagens.rs