quinta-feira, 26 de março de 2009

Semanário

Segunda logo de manhã um bafo de selva invade as ventas sem nem perguntar ou pedir consentimento prévio. O bafo vem invadindo os arredores, indo, indo... Até se realocar pelo corpo todo
O ventilador de merda é pouco, não venta. Não dá refresco nem à sombra. O bafo é quente e ela acorda molhada e sozinha.
Ela agüenta a rotina sem pressa ou medo, os peitos doem e a buceta dilata. Ela tá sozinha...
Melancolicamente desesperada ela dribla o calor com chuveiro frio e dedos bem posicionados nas ausências. Em solidariedade as coisas mudam, anunciam uma misericórdia encharcada em furor. Intumescidas sílabas ditas na duração de uma manhã sólida sem arestas
Nada lhe é barato. Ela está sozinha...
Aí vem a noite e goteja sobre ela o anúncio de uma terça-feira. Ainda úmida e quente embora amena nas bordas e quinas. Tudo brilha. Sua imaginação de rock com levada e mãos firmes garante um sono tranqüilo de horas curtas.


*Falta o resto dos dias da semana,mas fiquei com preguiça.rs

6 comentários:

Mada disse...

Oi Rach! Conheci na rua, sábado, um cara, e vim ver o blog dele. Achei o teu, linkado nele. Legal, né? Caco. Bjos...

Victor Meira disse...

Caramba, que delícia de mini-prosa. E é semanário mesmo, raquel. Cacete. Eu sempre fico assustado com coincidências. Como, entre milhões de palavras, pegamos a mesma sem saber um do outro. Não só palavra, mas uma angústia muito similar. Isso me quebra a cabeça. Será que existem ondas ou impulsos temporais comuns a todos os seres? Será que a humanidade é uma massa orgânica que apenas responde a estímulos causais no tempo? Será que o meu cotidiano tem muito a ver com o teu?

Sério, essa idéia sempre me possúi. Se você der uma olhada no meu último post lá no POEMA DIA, e marcar o texto com o mouse, vai descobrir uma mensagem escondida que eu larguei lá.

Aliás, faz isso.

Ó, escreve uma quinta ou uma sexta... Ou até um domingo, pra antagonizar com a tua segunda de peitos doídos.

Tá?
Beijó, Rachele!

Heyk disse...

Ok.

E vocês sempre no passo, nõs no passo conjunto.

Uau!

Olha isso: Intumescidas sílabas ditas na duração de uma manhã sólida sem arestas.

É poema. E que coisa, rachel, você é a melhor versão que conheço de diário de jovem adulta desbocada. Que maravilha.

Vamos vamos

Gaja disse...

quando li a primeira vez, frase por frase, senti sucessivos golpes e sussurros. adorei.

Mari disse...

que beleza, poeta!
reli alguns textos seus e fiquei com uma impressão ótima sobre sua necessidade de escrevê-los.
mmmmmmmuá

Anônimo disse...

Falta uma vida inteira.