sábado, 16 de janeiro de 2010

Vivia o momento com uma espécie de enlevo

Com uma quantidade indefinida de objetos na bolsa, saiu às ruas de sol amarelo pastoso. Nada ali era necessário e, ainda que um traço de lucidez e cifose o atormentasse, seguia o ritual com a religiosidade dos que só tem a si e aos gestos.

Homem de poucas palavras, de matizes cinza e gosto de fome ao meio-dia. Quarenta anos e dentes ruins. 50% do corpo comprometido. Três amantes ordinárias e o medo de comprometer-se para além dos sábados. Restavam-lhe os caramelos e os objetos. Atravessou a rua olhando os próprios pés, um-dois, um-dois. O sentido se esvaindo. A padronagem sempre a mesma.


(... Continua...)

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