segunda-feira, 29 de março de 2010

Da série R/C

Quando comecei a pensar a arte pública como meio para o texto, como pretexto para a poesia e, como, também,ferramenta sócio-política, não tinha nem idéia de como a prática me seria impactante. A potência dialógica da coisa é tremenda, ainda mais quando considerado o local da intervenção/mensagem/obra, o homem da foto é um reflexo de todos os outros em situação de mendicância, um homem sem rosto. Esse lambe-lambe, como é bem comum, não durou muito tempo, na verdade durou o tempo da cidade, o ritmo ditado pela urbanização e suas questões . No dia seguinte a Nova Rio retirou, mas nesse caso signo e o diálogo formadores da aderência são mais importantes que o objeto em si.


*Em tempo: Parte de um trabalho meu com a Cassia.

5 comentários:

Victor Meira disse...

Animal, Rachel, achei ótimo. Tanto o lambe-lambe quanto a reflexão sobre a coisa.

Me interesso muito pelo formato. Fiquei pensando em termos estéticos, na utilização do design nos cartazes e lambe-lambes. Mas tenho quase certeza de que seria besteira ajustar os padrões visuais desse meio aos padrões utilizados pela publicidade. Provavelmente ninguém iria ligar para a peça. O A4 feito no word chama atenção, é incomum no cenário urbano, não se mistura com a propaganda e distingue de uma só vez a poesia do título publicitário.

Se pá.

Heyk disse...

Olha, é bom pensar nisso mesmo: se o formato não atrapalharia o olhar se migra-se para a linguagem publicitária. Mas acho que aproximações dessa linguagem dentro de ainda uma proposta crua podem funcionar.
Eu acho que a ilustração de publicidade tem relação com a iconografia e o colorido de algum grafite, e ninguém deixa de olhar por isso.
Acho que se for bom mesmo, todos olhariam.

Agora, o trabalho. Joia. E os tempos, sim, tudo é descartável como eles. Vamos, sem rostos, vamos colar papel!

Elmo Thompson disse...

Concordo imensamente. O diálogo se fez, o diálogo se faz e, arrisco-me a dizer, talvez seja o que de mais relevante se pode conseguir nesse terreno de descartabilidades contemporâneo. Ok, o argumento pode soar como se chovesse no molhado, mas, sinceramente, Rachel, e isso me lembra o último e-mail que troquei contigo, antes essa intervenção provocadora (que, como bem observado, levou a uma fissura dialógica), que qualquer tentativa empertigada de "sistematização". Quanto à aproximação com os recursos da publicidade, é um caso a se pensar (e experimentar), quem sabe.

beijos

Victor Meira disse...

Então legal. Se quiser me passar um título eu faço um cartaz. Podemos tentar um design simples e efetivo.

:)

Rachel Souza disse...

Victor,meu nêgo. Vou pensar a iconografia da coisa e,se pá, te grito. Beijo