Fui à praia e você não percebeu. A depilação com cera africana, a esfoliação, a pele hidratada, o novo corte de cabelo, a marca de biquíni cuidadosamente cultivada em horas infindáveis de exposição às radiações solares e cancerígenas... Nada, absolutamente nada adiantou. Fiz brigadeiro branco com creme de damasco e calda de avelã, que você adora e, sempre quando faço, come feito um porco. Limpei o azulejo do banheiro pra você nunca mais escorregar no banho, joguei as calcinhas velhas fora e comprei novas, alimentei o cachorro e molhei as plantas. O que mais você quer? Você não tem me notado e não me escuta mais. Preciso relaxar, preciso de outra vida! Preciso ver um filme do Jim Jarmusch. Não fumo, mas vou lá embaixo comprar cigarros. Talvez eu volte.
*Repetindo, a pedidos...
3 comentários:
sim, bonito.
Segue a linha dos outros contos/prosas que havia lido,curto e bem amarrardo, um desabafo, um recorte momentâneo.
Interessante a inversão do final, já não mais o pai de familia indo comprar o cigarro e desaparecendo, mas sim a figura feminina na possibilidade de não voltar, novos tempos.
Foi comprar cigarros numa esquina
de Brasília.
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