sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Golpes intratáveis de realidade absurda

Meus dois gatos morreram de asfixia enquanto eu tentava, inutilmente, tirar o esmalte envelhecido das unhas roídas. Era um dia de sol claro. Chá de maçã pra acalmar o fígado. Jaco Pastorius e Toni Williams em dueto na vitrola. Sim, vitrola! Não sei quantas rotações por minuto, discão preto e tal... Uma lágrima descendo, duas lágrimas descendo, três lágrimas descendo... O vazio estranho das manhãs que sempre chegam. Mais uma lágrima descendo e a conta de luz no portão de sobre- aviso, no terceiro atraso cortam. O pé pra esquerda, outro pra direita e eu já dançando a indolência pra fora. Fui bailarina aos três. Sapatilha de ponta e unha encravada! Meus maus hábitos, minha depressão matinal, minha promiscuidade, meus gatos estendidos sob o assoalho, embolados na cortina de tule branco. Alguma coisa tinha que ser feita.

7 comentários:

Heyk disse...

cara.
como texto. vi algumas vírgulas muito inteligentes, de colocação nova. gosto disso.
é bom sempre imaginar essa coisa da solidão que alguns desses seus textos recentes trazem, sempre umsa coisa entre o cômico e o nojento, num ambiente de tristeza. curioso isso tbm, né?

EU gosto. vou ler de novo.

E tÔ de volta, se segura.

Anônimo disse...

Um que trsite guria...gato morto num é coisa de Deus não...

:(

Rachel Souza disse...

Bem-vindo de volta Heyk!
Roger, seu comentário me fez rir. Obrigada!rs

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE disse...

Excelente texto... proporciana possíveis interpretações.

Victor Meira disse...

O almoço! É isso que tem que ser feito, claro!

Haha, ótimo, Raquel. Solitário, deprê e carregado, ao mesmo tempo, de um "foda-se" meio natural, meio de vida calejada.

Bom, como sempre.

Unknown disse...

Coitadinhos... Má!

Flávio. disse...

gatos estúpidos!
;) rsrsrsrsrsrsrs