Com as calças na mão corria trôpego, tentado, desesperadamente, se esquivar das pedras no chão e das fortes gotejadas de chuva a cair no fim de tarde. Corria, corria e corria...
Dobrou a esquina, vestiu as calças com pressa e cagaço. Verde xadrez com dois botões e a barra arrastando. Alfinete a lhe furar a coxa. Costureira de merda! Costureira Safada! Bainha mal-feita e armadilhas letais...
Retirou o alfinete das carnes, andou mais umas quadras, diminuiu o passo, viu o preço da couve, parou no balcão da farmácia de prateleiras poeira-cáqui, assobiou o farmacêutico, apontou um tarja preta, prontamente negado. “Moço, só com receita.” Visivelmente contrariado, xingou o pobre cabrito de “feio” e “pobre” e, voltou ao movimento anterior com a baba escorrendo ao canto da boca.
Parado em frente ao nada, na esquina com a coisa nenhuma, sentiu frio. Comprou no camelô uma latinha de cerveja e um quilo de chumbinho. Conferiu o resultado do jogo do bicho e foi para casa. Uma sombra magra de mulher o seguia com um maçarico pendendo da mão esquerda.
8 comentários:
Não sei se foi a chuva ou a esquina, o vendedor da farmácia ou quem colocou os preços na couve, ou até mesmo a mulher do maçarico. Mas nem mesmo quem corria e corria desesperado naquele dia, o fato é que fiquei entregue a cena, e diante dos meu olhos vi tudo acontecer entre meu monitor e eu.
E o que a costureira faz com o maçarico? Se rolar assassinato o detetive se perde.
Bom, Rachel. É tudo fundamentado em abstração, o que torna o conto muito divertido de ser lido.
Viu, me passa teu email, acho que eu não tenho o teu. Tenho uma proposta. o meu é quadradovermelho@hotmail.com, certo?
Beijo!
Victor,
Quem disse que é a costureira quem porta o maçarico foi você...rs
Vi uma cena. Muito bom!!!!
Que cena, hein! RSRS
Pobres sombras!
Rachel, lógico que fui eu quem disse! Ué. Foi o que eu entendi do que VOCÊ disse no conto.
E ó, me manda teu email.
Houve um tempo, não tão longe.A segurava pela mão. /hoje sou conduzido pela sua imaginação.Sonhos!Tudo que temos.. Vamos continuar até a exaustão.
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