segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ausente

O amor vaporoso de noites e asfaltos bagunçava-lhe a cabeça. Uns nacos de pão duro à sorte de dentes imperfeitos e pivô vencido. Meio quilo de margarina e a carótida pro caralho! 95% de chances de infarto e uma calcinha apertada a marcar os quadris estreitos e fatigados de "ontens". Suquinho de laranja, brisa quente na nuca e o telefone berrando uma ansiedade previsível. Ela não atende.

2 comentários:

Victor Meira disse...

Muito bacana. Tudo no ato, e o cotidiano indiferente regado por uma construção narrativa poética.

Lê-se tudo que se larga pelas entrelinhas: o barulho da tecla do telefone, o pano quadriculado e rendado da pequena mesa encostada na paredes de lajotas brancas da cozinha. O farelo, a luz, a ansiedade com sono.

Massa.

Fabrício Brandão disse...

Nessas horas a gente percebe o quanto de nós se abriga em escuridão.

Belo arremate!

Beijos, querida!