1940. Um casal jovem, atado por uma paixão avassaladora resolve unir-se
O início de uma vida a dois, sem casa certa para morar, sem paradeiro. Já que não tinham apoio familiar, pediram ajuda a um generoso amigo, que como costume os ajudou e cedeu-lhes um canto em sua casa, no Morro da conceição.
Segundo dia de casados. Irremediavelmente ciumenta, ela o segue até o cais do porto, onde seu amado trabalharia e fica na espreita atrás da árvore, até o fim do expediente. Na subida o observa conversando com uma mulher. Tal colóquio a desespera e agonia, ela sente vontade de enforcá-la com suas meias e trancar o marido sob seus cuidados e afagos, a alucinação aumenta quando percebe que a jovem lhe entrega um papel. Seria aquilo um bilhete de amor? Um encontro para logo mais? E agora, que ela tinha brigado com a família? Traída no segundo dia de casada? Pensamentos tenebrosos a acabrunhavam. Sentou no meio-fio e chorou. Enxugou as lágrimas em sua camisa de seda e foi para casa batendo o queixo de raiva e tristeza.
Terceiro dia de casados. Ele acorda, se perfuma, toma o café e ajeita os cabelos com o pente e o guarda no bolso. Ela olha e chora. Ele pergunta o motivo e a beija na testa. Ela treme de ódio, abaixa a cabeça e o espera sair. O amigo que os abriga também sai para o trabalho e pergunta se ela precisa de algo ao que escuta um “não, querido, obrigada!” O dia inteiro pensando e repensando teorias e possibilidades, um martírio sem fim até o horário que o marido sai da estiva se aproximar. Ela passa seu melhor batom, põe seu melhor vestido, pega uma faca de cozinha, põe na bolsa e o espera. Novamente o segue. Ele sobe o morro e se recosta no Forte da conceição, espera ansioso a irmã que lhe disseram ter, sua mulher toca em seu ombro, tira a faca da bolsa e o golpeia no coração.
*Um dos textos expostos na intervenção.
3 comentários:
CORRIGINDO:
A mulher é burra mesmo! Por que, ao invés de matar o marido, que saía com a irmã, não deu para o amigo do casal?
Bem-feito! Foi dar para pobre! rsrsrs
Forte, gostei.
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