quarta-feira, 14 de maio de 2008
Mulher ao telefone com o ex-amor
Estou ocupada, diz logo, não enrola, tenho pressa e dívidas que não me deixam sequer cortar os cabelos, olha só que coisa horrorosa, pareço uma maluca, uma mendiga, além de cortar estava pensando em pintar também, mas isso não é da sua conta, diz logo que porra você quer comigo, tá achando que tenho sua vida? Que sou marajá? Trabalho muito sou escrava, ganho pouco, não consigo dormir direito, a cama é muito grande pra mim, difícil lidar com tanto espaço, comecei a terapia ontem e já surtiu resultado, tô mais confiante, menos ansiosa e depressiva, tá tudo bem comigo, eu sinto, acordei sem olheiras e vesti uma roupa verde, alto astral, passei no sebo na parte da manhã e renovei minha biblioteca, alguns livros cheiram à poeira mas não sou alérgica, você sabe... Preciso de um emprego melhor, marquei entrevistas pra semana, decidi que vou freqüentar gafieiras, comprei sapatos de dança e removi os calos dos pés. A menstruação se aproxima, preciso comprar absorvente, não uso o comum, só o interno, pena que é caro. Meu ortopedista recomendou natação. Mas você ligou pra mim, o que quer? Tá aí calado um tempão...
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4 comentários:
Não quero esse telefonema!!
gostei do conto!!!!!
e dá-lhe terapia!
ótimo. BOm ritmo e tema e vocabulário e construção de frase e tal.
Oi Rachel,
Você é sempre original. Amei o texto.
Beijos.
Sylvia
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